Último sermão pregado na IPR Leme
Texto: Atos
2:46,47.
Introdução:
vivemos em um mundo entusiasmado. A “alegria” contagiante dessa geração embala
as noites badaladas das festas e baladas. Um entusiasmo e uma disposição
incrível para torrar dinheiro, saúde e energia por uns meros mementos fugazes
de prazer relativo, pois na manhã seguinte se anseia por mais uma dose dessa
experiência no anseio de tentar preencher o vazio ou até mesmo o grande buraco
negro que há dentro de si.
Um dia essas mesmas pessoas encontram
o verdadeiro sentido da felicidade em Jesus, mas pasmem, já não há nenhuma
disposição em dedicar-se à aquele que lhe deu o verdadeiro sentido da vida. Seu
dinheiro já está comprometido, sua energia já não é a mesma, não pode
participar de vigílias, cultos semanais de oração sejam lá o que for. Afirmam: “meu dinheiro é suado, não é para alimentar
pastor”, OK! Mas, um dia serviu para alimentar o dono do bar e financiar
reino demoníaco de satanás neste mundo...
O que falta em nossas igrejas? Talvez
o que mais nos falte sejam crentes que estejam entusiasmados com a glória de
Deus. Somos capazes de nos entusiasmarmos, com o campeonato brasileiro, com o
nosso trabalho, com a festa de rodeio, com shows gospel ou não, enfim, nos
entusiasmamos com as mais diversas atividades de nosso cotidiano, porém, onde
se encontra nosso entusiasmo pela adoração a Deus, por participarmos da
comunhão com os irmãos. O que falta para que nossa igreja tenha entusiasmo nos
cultos? Para responder esta pergunto vamos à igreja mais entusiasmada de todos
os tempos, a igreja primitiva...
1) É preciso ter prazer de estar na casa de Deus – VS.46.
A primeira resposta da igreja
primitiva é que precisamos ter prazer
de estar na casa de Deus.
a. O culto era uma delícia. Eles amavam a casa de Deus (Sl 84 e
27:4).
b. Uma igreja viva tem alegria em estar
na casa de Deus para adorá-lo.
c. A comunhão no templo é uma das marcas
da igreja ao longo dos séculos – vs.42,44.
Aplicação: de
quem depende nosso prazer de estar na casa de Deus? Será que depende do pastor,
das músicas que cantamos ou dos músicos que cantam e tocam? Depende da classe
social que freqüenta a igreja? Se o pastor é gordo ou magro, alto ou baixo,
fala demais ou fala pouco? Todos esses são argumentos para salientar nossas
desculpas, é só mais um meio de tentar calar nossa consciência, pois o que nos
falta mesmo é a alegria de estar na comunhão de Deus. Não há como ter uma vida
de comunhão como Senhor e ao mesmo tempo estar desanimado de estar em sua casa.
No fim, então, o que determina minha falta de entusiasmo é minha falta de
comunhão com o próprio Deus. Logo, o remédio é buscar ao Senhor na intimidade
da minha casa, dedicar-lhe minha vida e tempo em intimidade, com a porta
fechada, pois quando a porta se abrir por ali passará um coração cheio do poder
e do entusiasmo do Espírito Santo de Deus. Era essa a razão da alegria de estar
no templo, estar cheio do Espírito de Deus.
2)
É preciso ter um louvor constante –
VS.47.
A segunda resposta da igreja primitiva que nos
esclarece sobre seu entusiasmo no culto é que ela tinha um louvor constante. Eles não estavam ligados a circunstancias, mas a
glória de Deus.
a. Uma igreja alegre canta. Os muçulmanos são mais de um
bilhão. Eles não cantam.
b. Uma igreja viva tem um louvor
fervoroso, contagiante, restaurador, sincero e verdadeiro.
c. O louvor que agrada a Deus tem sua
origem em Deus, tem
o único propósito de exaltar a Deus e como resultado produz quebrantamento nos
corações.
Aplicação: Um
louvor constante está intimamente relacionado com o conhecimento de Deus. O conhecimento de Deus é o princípio, o
começo de nosso louvor, de nossa adoração. Se esse princípio for equivocado,
todo restante também o será. É como a história de uma mulher que quando se
vestia numa certa manhã, não observou que ao abotoar seu casaco colocou o
primeiro dos botões na segunda casa e assim sucessivamente por treze vezes, por
fim, descobriu que um dos botões havia sobrado, então percebeu o que estava
fazendo. Eu pergunto: Quantos erros ela cometeu? Um ou treze? Treze, porque ela
havia cometido um erro fundamental no começo. Assim também, é o nosso louvor e
a nossa adoração, se nosso começo ou ponto de partida não estiver em Deus e em
quem Ele é, todo restante estará comprometido. Um estilo de música, uma
performance pastoral ou do ministro de louvor, se o som está alto ou baixo, se
eu vou ter oportunidade ou não, se eu terei algum tipo de participação no
culto, quem vai pregar, quem vai estar lá, se tem campanha de libertação,
prosperidade e cura e etc... TUDO SE TORNA MAIS IMPORTANTE QUE O VERDADEIRO
SENTIDO DO LOUVOR E DA ADORAÇÃO, A SABER, DEUS.
Precisamos voltar ao princípio se
nosso louvor não tem sido constante, precisamos nos perguntar: quem é esse Deus na minha vida? Quem é o
Deus da Bíblia? Precisamos aprender
com os salmistas como Davi que diz: “Inclina,
SENHOR, os ouvidos e responde-me, pois estou aflito e necessitado”. Mas que
no mesmo salmo pode dizer: “...tu,
SENHOR, és bom e compassivo; abundante
em benignidade para com todos os que te invocam... não há entre os deuses
semelhante a ti, Senhor; e nada existe que se compare as tuas obras” (Sl
86:1,5,8). Quando conhecemos a Deus nossas aflições e necessidades são
convertidas em louvor e glória ao Senhor, nós podemos expressar confiança, nós
podemos ter esperança, nós podemos cantar e dançar diante de nossos adversários
porque sabemos que nosso Deus é todo poderoso, soberano, onipotente,
onipresente, onisciente, eterno, santo, imutável, misericordioso, bondoso,
amável e etc e etc para todo sempre amém! É ele que cuida de mim, por isso, não
há motivo para parar de louvá-lo!
3) É preciso ter uma alegria ultra-circunstancial – VS.46.
a. A igreja transbordava de alegria:
i. Atos 5:40-42 – os apóstolos são
açoitados pelo sinédrio e retiram-se regozijando-se por terem sido considerados
dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus;
ii. Atos 6:15 – Estevão na hora da morte
vê a Jesus e seu rosto se transfigura como rosto de anjo;
iii. Atos 13:52 – Os discípulos em
Antioquia da Pisídia, mesmo perseguidos, transbordavam de alegria e do Espírito
Santo.
b. Uma igreja que mistura sofrimento com
adoração.
Aplicação: Talvez esteja pairando por sua mente neste momento a
seguinte afirmativa: é pastor, mas os
dias são outros, vivemos num tempo diferente... Talvez você tenha razão! Todavia,
embora não soframos perseguição no Brasil, a alegria do povo de Deus ainda
assim não vai além das circunstancias, e pior, nossas circunstancias se
comparadas aos da igreja primitiva, se tornam ridículas, sem razão de ser. E
qual a diferença entre eles e nós? Bem, hoje vemos uma grande multidão de ditos
“cristãos” correndo atrás de alguma coisa que os possa satisfazer os anseios do
coração: muitos estão na igreja porque querem salvar seu casamento, conquistar
um grande amor, ser um empresário, ter uma carreira de sucesso, uma casa
própria, fazer alguma atividade que lhe cause bem, enfim, estão focados na
terra, com coisas da terra que na terra ficarão, e isso faz com que Deus e a
igreja seja somente um meio pelo qual eu satisfaço os meus desejos nesta vida. Entretanto,
para a igreja primitiva essas coisas já não faziam mais sentido. Eles estavam
focados no reino dos céus, com coisas que ninguém na terra os poderia tirar,
pois pela eternidade os acompanharia.
Qual é o problema aqui?
Bom, o argumento é o mesmo do tópico anterior, o problema está no começo. A
questão é qual é a fonte da alegria? Para um, a fonte é o prazer nas coisas
para si mesmo, para o outro, é o prazer nas coisas de Deus. Para um, sua
alegria está nas coisas deste mundo, para outro, a alegria está nas coisas do
céu.
Para igreja primitiva, a
fonte da alegria residia na salvação em Jesus Cristo. Por isso, açoites,
perseguições, necessidades, aflições ou até mesmo a morte não podiam lhes
roubar a alegria em Deus, o Senhor não era um meio pelo qual podiam adquirir
alegria, mas Ele próprio era a alegria do seu povo, a fonte e a causa primária
da alegria.
Por isso irmãos, precisamos sondar os nossos corações a fim
de conhecer que fonte tem movido nossa alegria. Qual é a causa primária do
nosso bem estar. Estejamos cientes de que como nos responde o catecismo Maior
em sua primeira pergunta: “O
fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus (Rm 11.36; I Co 10. 31) e
gozá-lo para sempre” (Sl 73. 24- 26; Jo 17. 22- 24). Que possamos ser motivos da glória de Deus e por
alvos de sua graça e misericórdia na manutenção de nossa alegria, amém!